sexta-feira, março 24, 2006

Semáforo

Andava no seu carro importado, desses cujo nome da marca até gringo enrola a língua pra falar, mas brasileiro fala direitinho por que é chique. Andava rápido, apesar do trânsito. Não queria parar, não podia parar, time is money. Seu tempo lhe valia ouro. E ouro lhe valia tudo – a vida. O mais rico do mundo, serei! Será o mais rico do mundo. Gostaria de ser o mais rico do mudo. Causaria inveja em muito pobre vagabundo Pára!!! O feio hidráulico lhe brecou o raciocínio. Sinal vermelho.
Em que mesmo pensava? Um moleque pedia dinheiro no sinal. Do lado a imagem da favela.Um mendigo paraplégico na esquina mendigava. Meu deus como tem gente pobre. Estava começando a ficar com dó. Não, dó é coisa dos frágeis, tinha pressa, abre sinal. Não abiu. A dó por dentro lhe corroia. Minha culpa. Culpa minha. Sentiu nos ombros o peso da desigualdade. Ele, tanto luxo. Os outros, vida-lixo. Tinha que ajudar. O remorso do caviar do almoço quase lhe fez vomitar. Sensação horrível. Por momento, vontade de se matar. Podia se matar. Iria se matar por certo. A sua riqueza era o flagelo de muitos.Se sentiu um ácaro social.
O sinal abriu, acelerou sem mudar de marcha graças ao câmbio automático. Em que mesmo pensava? A é, como queria ser o mais rico!!!

2 Comentários:

Blogger Gui disse...

Pôxa... e o pior é que seus textos son bom mesmos!! O.o
Sério, cara, escreve o Vômito!! Esse texto ficou muuuuuito bom!! Você tem estilo!!
E as charges já são pa amanhã, hein?? hahahahah
Até! \o_

25/3/06 12:07 AM  
Anonymous Anônimo disse...

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17/5/06 3:09 PM  

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